What are you?

As coisas que nos parecem claras são passíveis de revisão em um único instante. Depois disso, entranham-se perversamente em nossa personalidade e intelecto (para quem os têm) ou em nossa opinião, que todos a tem e quase sempre mal formulada, sobre tudo.

Hoje assisti ao comentado filme Good Night, and Good Luck, assim mesmo, fiel ao vernáculo de origem, que dá sentido àquela vírgula para nós intrusa. Devemos ter em mente ainda a fidelidade aos fatos que ocasionaram o filme e, assim, certos de uma contextualização bem realizada, podemos refletir (a quem isso interessar) sobre o que está sendo mostrado ali. E a conseqüência quase inevitável é uma emoção descoberta em uma infinidade de trâmites jornalísticos, históricos, políticos, éticos e morais. Impossível o descaso.

Porque o que se passa na tela corresponde a um ínfimo período real, há mais de 50 anos, em que o mundo novamente confundiu de forma grotesca os valores, métodos e crenças. Embaralhou-se até mesmo na sua pretensa capacidade de verificar a existência ou não das coisas. O comunismo - materialização do Mal para muitos - representou a enésima licença para que afundássemos, nós enquanto Ocidente "civilizado", em equívocos gravíssimos. E esses equívocos seguem se repetindo, seguem nos sufocando e impedindo nossa já sofrida marcha em busca de um mundo melhor e de um "novo Homem". A mim, ao menos. Preciso, é bem verdade, de ar para continuar respirando.

E já que estas dezenas de linhas - e seu autor - não foram capazes de transmitir o que se gostaria, poucas poderão fazê-lo:

"Nós estamos atualmente ricos, gordos, confortáveis e complacentes. Nós temos uma alergia instalada a informações desagradáveis e pertubadoras. Nossa mídia reflete isso. (...) Se continuarmos como estamos, a história se vingará". Edward R. Murrow