sábado, maio 20, 2006

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Reza a lenda que há uma norma implícita na imprensa de não divulgar suicídios. As pessoas são influenciáveis e, dando-se destaque a este ato, poderia aumentar o número de ações iguais. Não sei se estas duas últimas frases têm qualquer fundo de verdade. Posso, inclusive, ter escrito uma monumental besteira. Surpreende-me, porém, o destaque dado pela mídia ao suicídio do alpinista Vitor Negrete. Não se espante. O nome técnico de sua conduta na última quinta-feira (fuso tupiniquim) é exatamente este: suicídio. É a prova de que o único limite à imbecilidade humana é a criatividade. Pessoas menos criativas são menos imbecis.

Fiquei sabendo desta fatalidade pela televisão. Cheguei em casa minutos antes de o Globo Esporte reproduzir a última ligação gravada, onde ele textualmente diz “eu peço para que – não sei se adianta falar isso – mas para que vocês não fiquem ansiosos”. Lendo não se tem a real noção da consciência apresentada por ele. Ele sabia exatamente o que vinha pela frente. Parece que sabia o fim que lhe esperava.

Só tinha curiosidade de saber o que a viúva dirá aos dois filhos (um de dois anos e um de nove meses) quando questionarem sobre o porquê perderam o pai. Dirá ela: “o número de conquistas dele supera esta tragédia”, como se fosse um grande herói nacional.


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