terça-feira, março 14, 2006
Ajustando o foco
Temos que aprender a enxergar o mundo. Temos mesmo é que aprender a enquadrar nosso olhar frente às coisas, um ou dois passos para cá e para lá, um ajuste no foco das nossas interpretações cotidianas. Ainda hoje, o querido Professor Ruy escreveu - naquele antro do mau-caratismo que é a Zero Hora, salvo ele próprio e um ou dois - que "o mundo visto de uma perna no alto é diferente". Ele, convalescido de um hematoma em uma das pernas durante uma dezena de dias, argumenta sobre a posição do infortúnio: imóvel, deitado, a dor por vezes latejando-lhe, a erguer a cabeça para o mundo antes invisível dos "ruídos da casa, os cheiros da cozinha, os livros na estante". Eu, saudável como é possível estar na insanidade dos trinta e poucos graus que marca o termômetro, também me esforço em enxergar a vida ao redor.
E, nesse esforço, vejo pouco. Tenho a análise obnubilada pela névoa densa da ignorância - minha e dos outros -, pela bruma sutil da melancolia, às vezes, e por um certo mal-estar de figurar nesse planeta completamente maluco. Sentimento esse agravado, repito, pelo calor colossal, como se eu quisesse voar no desespero para fora do inferno e o próprio Demônio me tomasse por um dos tornozelos, forçando para baixo e dizendo: "Tu ficas".
Mas do pouco vejo algo. E logo que vejo, processo informações em busca de um sentido, talvez a explicação exata do porquê. Um trabalho estéril, amigos longe, outros perto, relações estranhadas, projetos futuros, a melhor companhia do mundo, boas idéias, cheiros da cozinha, ruídos da casa, livros na estante... E vejo novamente a mesma bruma... Mas talvez seja culpa de março, que é próprio das incertezas. Vou esperar um pouco mais, aguardando pacientemente o outono que prometeu trazer o frio neste ano. Mas estarei sempre ajustando o foco: é o que é preciso fazer, sempre.
E, nesse esforço, vejo pouco. Tenho a análise obnubilada pela névoa densa da ignorância - minha e dos outros -, pela bruma sutil da melancolia, às vezes, e por um certo mal-estar de figurar nesse planeta completamente maluco. Sentimento esse agravado, repito, pelo calor colossal, como se eu quisesse voar no desespero para fora do inferno e o próprio Demônio me tomasse por um dos tornozelos, forçando para baixo e dizendo: "Tu ficas".
Mas do pouco vejo algo. E logo que vejo, processo informações em busca de um sentido, talvez a explicação exata do porquê. Um trabalho estéril, amigos longe, outros perto, relações estranhadas, projetos futuros, a melhor companhia do mundo, boas idéias, cheiros da cozinha, ruídos da casa, livros na estante... E vejo novamente a mesma bruma... Mas talvez seja culpa de março, que é próprio das incertezas. Vou esperar um pouco mais, aguardando pacientemente o outono que prometeu trazer o frio neste ano. Mas estarei sempre ajustando o foco: é o que é preciso fazer, sempre.
Comments:
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Juliano Jardel, que texto bonito e bom de ler... ate parece um jornalista.. ;)
a melancolia me parece muito propria dos nao ignorantes..
e gostei especialmente de "ruidos da casa" e "talvez seja culpa de março, que é próprio das incertezas".
eh verdade... muitas incertezas..
bitocas!
a melancolia me parece muito propria dos nao ignorantes..
e gostei especialmente de "ruidos da casa" e "talvez seja culpa de março, que é próprio das incertezas".
eh verdade... muitas incertezas..
bitocas!
Esqueci de dizer no texto: são quase 20h30, o Oasis sobe no palco de São Paulo às 22h... e eu aqui...
Ô bruma que não se dissipa...!
Ô bruma que não se dissipa...!
Putz, é mesmo!! A Carol voltou...
Acentos e cedilha. Te entregou, Carol, pode dizer onde tu estás.
Beijos
Acentos e cedilha. Te entregou, Carol, pode dizer onde tu estás.
Beijos
Da série "Coisas que vocês gostaria de ter escrito":
"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade."
E era isso
Beijos
"Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade."
E era isso
Beijos
que bonito! que bonito! hey, veri! Eu tb queria ter escrito isso.. mas provavelmente me faltaram palavras...
beijocas a todos!
e sim! tenho muitos acentos no computador!! hahahaha.. posso escrever de tudo!!!
hhhhhhhhhhahahahahahhaha!!!
(eh que eu voltei so pro show do oasis...)
beijocas a todos!
e sim! tenho muitos acentos no computador!! hahahaha.. posso escrever de tudo!!!
hhhhhhhhhhahahahahahhaha!!!
(eh que eu voltei so pro show do oasis...)
Meu Deus... Tá na Folha de São Paulo:
"Talvez a obra mais conhecida do filósofo Olavo de Carvalho, 58, seja a edição do site Mídia sem Máscara (www.midiasemmascara.org), há anos na rede para denunciar o que chama de "viés esquerdista da grande mídia brasileira".
Carvalho hoje escreve no "Diário do Comércio", órgão da Associação Comercial de São Paulo. Escreve à distância. Desde maio de 2005, mora em Richmond, a duas horas de Washington. É na capital americana que, duas vezes por semana, garimpa material para o livro "A Mente Revolucionária", em que pretende dissecar o pensamento moderno de esquerda. "Um grupo de empresários do Paraná me deu uma verbinha para eu terminar o livro", explicou.
Folha - Do jeito que o senhor está falando, parece que o Brasil é um paraíso da esquerda...
Carvalho - O resultado do referendo sobre as armas, o apoio de parcela expressiva da população à pena de morte e outras indicações mostram que o povo brasileiro é maciçamente de direita no que se refere a cultura, moral, costumes. Mas, como só existem partidos de esquerda, acaba-se votando na esquerda. É hora de criar uma opção partidária de direita. Um verdadeiro partido conservador não tem de defender apenas o livre mercado, mas tem de defender um estilo de vida.
Folha - Qual seria o programa de um verdadeiro partido de direita no Brasil?
Carvalho - 1. Anticomunismo. Não queremos comunismo na América Latina. Tchau, tchau e bênção. Adeus, Fidel Castro; adeus, Hugo Chávez, não queremos nada disso; 2. Livre empresa e respeito à propriedade; 3. Moral judaico-cristã; 4. Educação clássica. As pessoas têm de ter os valores fundamentais da civilização; 5. A verdadeira liberdade de discussão. 50% a 50%. Equilíbrio entre as correntes."
Meu Deus! Meu Deus! Essa maldita névoa não se dissipa!!!
"Talvez a obra mais conhecida do filósofo Olavo de Carvalho, 58, seja a edição do site Mídia sem Máscara (www.midiasemmascara.org), há anos na rede para denunciar o que chama de "viés esquerdista da grande mídia brasileira".
Carvalho hoje escreve no "Diário do Comércio", órgão da Associação Comercial de São Paulo. Escreve à distância. Desde maio de 2005, mora em Richmond, a duas horas de Washington. É na capital americana que, duas vezes por semana, garimpa material para o livro "A Mente Revolucionária", em que pretende dissecar o pensamento moderno de esquerda. "Um grupo de empresários do Paraná me deu uma verbinha para eu terminar o livro", explicou.
Folha - Do jeito que o senhor está falando, parece que o Brasil é um paraíso da esquerda...
Carvalho - O resultado do referendo sobre as armas, o apoio de parcela expressiva da população à pena de morte e outras indicações mostram que o povo brasileiro é maciçamente de direita no que se refere a cultura, moral, costumes. Mas, como só existem partidos de esquerda, acaba-se votando na esquerda. É hora de criar uma opção partidária de direita. Um verdadeiro partido conservador não tem de defender apenas o livre mercado, mas tem de defender um estilo de vida.
Folha - Qual seria o programa de um verdadeiro partido de direita no Brasil?
Carvalho - 1. Anticomunismo. Não queremos comunismo na América Latina. Tchau, tchau e bênção. Adeus, Fidel Castro; adeus, Hugo Chávez, não queremos nada disso; 2. Livre empresa e respeito à propriedade; 3. Moral judaico-cristã; 4. Educação clássica. As pessoas têm de ter os valores fundamentais da civilização; 5. A verdadeira liberdade de discussão. 50% a 50%. Equilíbrio entre as correntes."
Meu Deus! Meu Deus! Essa maldita névoa não se dissipa!!!
Concordo com o primeiro parágrafo do Eduardo. Só uma ressalva: quanto à liberdade de expressão, os liberais não têm espaço porque não se organizam, mas se se organizassem acho que teriam. A esquerda não tem espaço nem organizada, só em espaços alternativos.
Em relação ao segundo parágrafo: os países desenvolvidos só são liberais porque são desenvolvidos, e não são desenvolvidos porque são liberais. O liberalismo se aplica para quem já está no topo da piramide, pra quem quer subir não.
Beijos,
Veri
Em relação ao segundo parágrafo: os países desenvolvidos só são liberais porque são desenvolvidos, e não são desenvolvidos porque são liberais. O liberalismo se aplica para quem já está no topo da piramide, pra quem quer subir não.
Beijos,
Veri
É praticamente o inferno na Terra. A meteorologia dizia que estava 36 graus, mas o termômetros da Praça da Alfândega marcava 42.
Pelo calor que eu sentia, acredito no segundo.
OBS: Esqueci de dizer que a frase que eu queria ter escrito (alguns cometários acima) é do Pessoa.
Beijos
Pelo calor que eu sentia, acredito no segundo.
OBS: Esqueci de dizer que a frase que eu queria ter escrito (alguns cometários acima) é do Pessoa.
Beijos
O Eduardo quer me matar: responde de pronto, da Austrália, os delírios do Olavo, me presentei com um compêndio direitista sobre a raiva (Manual do Perfeito Idiota) e ainda quer que eu leia o Mainardi...
ABraço, meu velho!
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ABraço, meu velho!
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