terça-feira, setembro 13, 2005
Eu, João Cabral
Todo o pseudo-escritor adolescente, antes de escrever poemas e confissões secretas, elege algo já escrito do qual gostaria de ter sido ele o autor. Lá pelos idos de 1996, a minha pretensão de 14 anos de idade era essa:
"Severino, retirante, deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender, só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina".
Quem escreve diz algo ao mundo que seja seu, íntimo seu, ainda que seja também do outro, que lê, e no fim tudo é tão dos dois como é de um só.
E vocês, o que queriam ter escrito?
"Severino, retirante, deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender, só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina".
Quem escreve diz algo ao mundo que seja seu, íntimo seu, ainda que seja também do outro, que lê, e no fim tudo é tão dos dois como é de um só.
E vocês, o que queriam ter escrito?
Comments:
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Eu queria ter escrito todas as letras do jagged little pill da alanis...
Mais tarde, eu qeria ter escrito os poemas do Pessoa, o Tabacaria e o do Mar Português...
Hoje, acho que queria ter escrito, além de todo esse repertório do passado, o 100 anos de solidão, do Garcia Marques.. Queria saber escrever daquele jeito..
Beijoca!
(valia escolher um montão assim??? hehehe... não bobeia que eu vou roubar texto teu tb!!! sou a moderadora!!! aaaaaaahahahah.. como sou má!)
Mais tarde, eu qeria ter escrito os poemas do Pessoa, o Tabacaria e o do Mar Português...
Hoje, acho que queria ter escrito, além de todo esse repertório do passado, o 100 anos de solidão, do Garcia Marques.. Queria saber escrever daquele jeito..
Beijoca!
(valia escolher um montão assim??? hehehe... não bobeia que eu vou roubar texto teu tb!!! sou a moderadora!!! aaaaaaahahahah.. como sou má!)
Pessoal, eu queria saber o que vocês acham disso:
http://www.tj.rs.gov.br/site_php/noticias/mostranoticia.php?assunto=1&categoria=1&item=37255
Abraços
http://www.tj.rs.gov.br/site_php/noticias/mostranoticia.php?assunto=1&categoria=1&item=37255
Abraços
Sou leitora de vocês, embora não me manifestasse. Começarei hoje.
Li a notícia do site do TJ. Acho que é uma questão complicada de se responder. Pode ser que o cobrador tenha dito "sai da porta negrão" de forma pejorativa, pode ser que não. Depende do que ele pensa da expressão. O cara era negro, portanto não é preconceito algum chamá-lo de negrão. Ao mesmo tempo, durante toda a história do país o negro foi desconsiderado, assim, seria uma reafirmação desta atribuída "inferioridade". Estou complicando, né?
Em todo caso, penso ele não precisaria ter usado essa expressão, poderia ter se referido à roupa do cara "ô, tu de blusa amarela". Sei lá!
E se alguém dissesse: "sai da porta branquelo", "sai da porta gordo"? Também são características físicas.
O politicamente correto às vezes enche o saco!!!
Abraços a todos!
Li a notícia do site do TJ. Acho que é uma questão complicada de se responder. Pode ser que o cobrador tenha dito "sai da porta negrão" de forma pejorativa, pode ser que não. Depende do que ele pensa da expressão. O cara era negro, portanto não é preconceito algum chamá-lo de negrão. Ao mesmo tempo, durante toda a história do país o negro foi desconsiderado, assim, seria uma reafirmação desta atribuída "inferioridade". Estou complicando, né?
Em todo caso, penso ele não precisaria ter usado essa expressão, poderia ter se referido à roupa do cara "ô, tu de blusa amarela". Sei lá!
E se alguém dissesse: "sai da porta branquelo", "sai da porta gordo"? Também são características físicas.
O politicamente correto às vezes enche o saco!!!
Abraços a todos!
Gostaria, realmente gostaria, de ter escrito muita coisa que já li. De Shakespeare a Pessoa (muito bem lembrado pela Carol), de Verissimo a coisas do professor Ostermann. É difícil... Na verdade, quando da minha renegada adolescência, me encantei com as páginas de "As Aventuras de Gulliver", de Jonathan Swift. Amei-as, e, de fato, as invejei. Ultimamente, minha lamentação de não ter escrito o que já foi escrito gira em torno dos romances do Umberto Eco. Queria também ter o relato jornalístico simples e elegante de Daniel Defoe e Charles Dickens...
Ah, sim! Agora me ocorre: acho que posso afirmar com um certo grau de segurança que gostaria de ter escrito a quase totalidade das palavras de "De Pernas Pro Ar" e do "Livro dos Abraços", do Eduardo Galeano. É isso, sim.
Ou ao menos a frase: "De cada um, conforme as suas habilidades, a cada um, conforme as suas necessidades". Lenin.
Mas o certo é que - e é outra frase que gostaria de ter escrito ou dito - "Os livros não mudam o mundo. As pessoas mudam o mundo. Os livros só mudam as pessoas". E é por isso que estamos discutindo tudo isso...
Grande abraço a todos.
Ah, sim! Agora me ocorre: acho que posso afirmar com um certo grau de segurança que gostaria de ter escrito a quase totalidade das palavras de "De Pernas Pro Ar" e do "Livro dos Abraços", do Eduardo Galeano. É isso, sim.
Ou ao menos a frase: "De cada um, conforme as suas habilidades, a cada um, conforme as suas necessidades". Lenin.
Mas o certo é que - e é outra frase que gostaria de ter escrito ou dito - "Os livros não mudam o mundo. As pessoas mudam o mundo. Os livros só mudam as pessoas". E é por isso que estamos discutindo tudo isso...
Grande abraço a todos.
Eu gostaria de ter escrito a teoria do Daniel Goleman sobre inteligência emocional.
Sério mesmo, comprei o livro com quinze anos e ele mudou minha vida. Não sei até que ponto pra melhor, hehehe.
Mas sobre esse livro a Carol pode falar melhor que eu
Abraços a todos
(inclusive aos nossos leitores ocultos. Se algum de vocês ainda não se manifestou, faça como a Veri. :)...
...momento esquizofrênico)
Sério mesmo, comprei o livro com quinze anos e ele mudou minha vida. Não sei até que ponto pra melhor, hehehe.
Mas sobre esse livro a Carol pode falar melhor que eu
Abraços a todos
(inclusive aos nossos leitores ocultos. Se algum de vocês ainda não se manifestou, faça como a Veri. :)...
...momento esquizofrênico)
"Sai daí, negrão", na minha opinião, equivale a "sai daí, ô alemão", ou ainda "sai daí, gringo" - o que determina a depreciação é o contexto. Aliás, o contexto é tudo.
Mas a questão do racismo - velado ou não -, sempre será complicada de se lidar. Somos todos racistas, convenhamos. De uma forma ou outra, preto ou branco ou "degradês". Não diz respeito somente à cores, é muitíssimo mais amplo. Mas isso é só a minha opinião confusa.
Abraço a todos.
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Mas a questão do racismo - velado ou não -, sempre será complicada de se lidar. Somos todos racistas, convenhamos. De uma forma ou outra, preto ou branco ou "degradês". Não diz respeito somente à cores, é muitíssimo mais amplo. Mas isso é só a minha opinião confusa.
Abraço a todos.
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