quarta-feira, julho 29, 2009
Message in a bottle — ou Só como massa Barilla
Talvez seja a distância, e a saudade, o que é provável. Pode ser que o verão me afete também aqui — sim, o calor me abala, inclusive emocionalmente. [Decididamente tem a ver com o verão italiano.] Mas o fato é que dediquei bons minutos de minha internet a tempo para reler esses posts. What Are You? funcionou como uma terapia da qual eu não saí curado, mas que ainda assim foi uma terapia. Uma bela fase de convívio e amizade, que se acaba, ou diminui (o convívio, não a amizade) por essas coisas da vida. A gente cresce, todos crescem, alguns vão embora, às vezes nos distanciamos como se houvesse um oceano entre nós mesmo que vivamos a menos de uma dezena de quilômetros. As pessoas se estranham, surgem tensões, conflitos, depois a paz, ou a irreconciliação definitiva. A vida, enfim.
Eu não sei o que será daqueles que dividiram esse espaço inteligente. Sei que estão aí, vivendo suas vidas como todos vivem. Por alguns meses esse simples pedaço cibernético simbolizou, ao menos para mim, um convívio. E isso deveria ser caro a qualquer pessoa. Talvez me seja especial porque não sou de convívios...
Se alguém, algum dia, passar os olhos aqui como fazíamos quase diariamente há um tempo, saiba que eu lamento muito o fim desse convívio. Lamento muito estar longe, alimentando uma vivência estranha e moderna, feita de pequenos recados eletrônicos aqui e ali que decididamente não me satisfazem (não deveriam satisfazer ninguém). Não que precisássemos jantar juntos todos os dias, ou chorar abraçados em solidariedade porque alguém terminou o namoro, mas a amizade é uma coisa inexplicável pela simples vontade de, regularmente, estar junto, conversar, ver a pessoa por quem se sente estima. Gregory House tem raciocínios interessantes sobre As Pessoas e suas interações. Acho que ele deseja visceralmente evitar a mesma frustração tola que sinto ao reler esses textos e lembrar de quando fazia parte de um grupo especial de pessoas.
A televisão italiana me refresca a memória dos dias em que trocávamos idéias aqui com um comercial da massa Barilla, que diz: “Amigos são os irmãos que escolhemos. Com eles, temos tudo em comum. Ou apenas o que basta”.
* OBS #1.: não planejei este texto.
* OBS #2.: só como massa Barilla.